A quem interessa o adoecimento psíquico da população e da sociedade?
Vivemos em um época em que remédios são convocados para tampar sentimentos, diminuir dores e até - como robôs - nos fazer desligar provocando o sono. Nesse sentido, nos perguntamos sobre que época é essa e o que ela nos diz sobre a nossa capacidade de ser humano. De nos relacionar. De sentir.
Sempre que falamos em um problema optamos por trazer o contexto histórico deste, é a forma da Pontos Diversos dizer: "Olha, isso que acontece conosco não nasceu aqui, mas tem suas bases em outros movimentos que a sociedade embarcou, assim precisamos atentar ao sistema capitalista e à sociedade de informação que estamos inseridas". Vivemos em uma sociedade que valoriza mais o que se tem do que o que se é. Como se não bastasse, somos pessoas atravessadas por diversos ISMOS, sobre os quais a Pontos Diversos já discutiu muito bem.
No que será que dá tudo isso?
Certamente em um agravo na saúde psicológica. A depressão e a ansiedade não sao doenças que brotam. Ao contrário, os transtornos mentais são agravos de saúde altamente prevalentes na sociedade atual. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), transtornos mentais como depressão, abuso de álcool, transtorno bipolar e esquizofrenia se encontram entre as 20 principais causas de incapacidade. A OMS estima que, atualmente, a depressão afeta cerca de 350 milhões de pessoas. É a principal causa de incapacitação dos indivíduos no mundo quando se considera o total de anos perdidos (8,3% dos anos para homens e 13,4% para mulheres) e a terceira principal causa da carga global de doenças em 2004. A previsão é de que subirá ao primeiro lugar até 2030.
Vocês têm ideias para adiar essa realidade? Vocês têm um novo modelo social para propor?
Daiana Nascimento
Psicóloga (CRP 03/21514)
Pontos Diversos
Foto: Site Fávio Muniz