Ter como primeira experiência profissional um estágio na área de comunicação para o terceiro setor certamente é um privilégio. Uma certa vantagem por ter uma história com direitos fundamentais assegurados e acesso a espaços sociais que facilitaram as minhas conquistas intelectuais e profissionais em relação a quem conviveu com a negação destes. Ter consciência disso faz com que eu opte por usar os meus privilégios para mudar a vida de quem não os tem.
Considero que o trabalho que estou conhecendo seja uma grande oportunidade de compreender a amplitude da ação social da comunicação no poder de mobilização em prol de causas essenciais para garantias de direitos e acessos a pessoas que são privadas destes devido às falhas no sistema sob o qual a organização social opera. Essa experiência proporciona o contato com diversas realidades de vida, conhecimentos e perspectivas, que enriquecem as possibilidades de leituras do mundo em que vivemos.
O papel do comunicador organizacional na mediação entre os diversos atores que envolvem o trabalho de instituições sem fins lucrativos, enquanto impulsionador da mudança social, me ensina muito sobre a consciência da repercussão do meu trabalho nos ambientes e pessoas. Esse aprendizado serve para qualquer área de atuação e acredito que provoca uma maior facilidade na resolução de problemas e superação de desafios, uma vez que a identificação com o propósito da organização mobiliza posturas de maior dedicação e responsabilidade com o trabalho realizado.
Os desafios que encontrei no exercício profissional no terceiro setor estão ligados às questões de estrutura organizacional e disponibilidade de recursos. Isso porque as referências de trabalho do meu imaginário estavam relacionadas às estruturas empresariais em termos de disposição hierárquica e procedimentos e, apesar de algumas instituições possuírem semelhanças com esses modelos, suas atividades são essencialmente diferentes e serviram para a desconstrução de um formato fixo de funcionamento. Além disso, a restrição de recursos que grande parte das organizações privadas sem fins lucrativos experimentam exige do profissional de comunicação um poder de adaptação e criatividade ainda maior para desenvolver produções impactantes com o mínimo de verba possível.
Nesse contexto, trabalhar na Pontos Diversos representa uma revisão constante das minhas certezas construídas durante a vida, me mostra todos os dias que a amorosidade pode transformar completamente a forma como enxergamos as pessoas e os desafios e que, para respeitar a diversidade, podemos simplesmente mudar a forma como agimos uns com os outros. A Pontos Diversos significa uma família para mim, com importância análoga para o meu desenvolvimento, e com vínculos tão bem estabelecidos quanto.
Marina Braga
Estudante de Jornalismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA)
Estagiária de Comunicação da Pontos Diversos