Os marcos de conquistas e de reivindicação de direitos são datas fundamentais para serem celebradas ou reforçadas as necessidades de adequação e justiça social. Os “ismos” e fobias são reflexos das feridas sociais geradas pelas desigualdades e pelo enraizamento do conceito de homem padrão, estabelecidos até hoje nos padrões socioculturais dominantes.
Os povos antigos com a necessidade de sobrevivência dos nômades, a valorização da perfeição, estética e os estigmas dos gregos, os pecados, mutilações e eliminação social da idade média, o pertencimento social meritocrático relacionado a capacidade produtiva do capitalismo, o capacitismo foi sendo historicamente constituído no imaginário social e na hegemonia cultural, por decorrência excluindo as pessoas com alguma diversidade funcional. Com o dia 21 de setembro, Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência, apesar do fundamental trabalho desenvolvido pela sociedade civil organizada, pelos órgãos nacionais e internacionais de defesa e garantia de direitos, esta pauta ainda necessita de mais repercussão para mobilizar a sociedade para o tema de maneira estratégica e estrutural para além do setembro verde.
Valorizar a diversidade e promover a inclusão para todos requer provocar os padrões socioculturais dominantes, reconhecer as desigualdades sociais, promover ações afirmativas de igualdade e garantia de direitos, efetivar políticas públicas em todos os ambientes sociais, revisitar os nossos vieses inconscientes, empoderar e politizar as discussões, agir de maneira inclusiva, pedagógica e amorosa, tudo isso também com protagonismo de pessoas com diversidade funcional e as nossas diversas interseccionalidades que evidenciam as opressões de raça, gênero e classe tão marcadas em nosso país.
É tempo de celebrar as conquistas, de evidenciar a potência que existe nas infinitas possibilidades de diversidade funcional, de prosperar e esperançar como já disse Paulo Freire “É preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo.”
É inadiável tornar a nossa sociedade de fato diversa e sustentável para todas as pessoas, pois nosso calendário de marcadores identitários e sociais é multicolorido, todos os dias! E como sempre digo, se olhar muda, o mundo muda, olhe pro lado, reconheça pares, somos muitos, SOMOS TODOS PONTOS DIVERSOS conectados para tornar o mundo melhor para todos, todas e todes.
Renata Martorelli
Administradora, Especialista em Gestão Estratégica
Diretora Presidente da Pontos Diversos