As diversas formas de opressão estão presentes no nosso país há mais de 500 anos. Até pouco antes de 1.500, esta terra era unicamente indígena, alicerçada em valores como culto e respeito a natureza. O ocidente, quando aqui chega sob a forma de caravelas portuguesas, traz outro povo que também se reconhece natureza e comunga de uma ancestralidade comum, apesar de terem sido misturados, diversos povos de várias partes do continente africano. A aculturação, lançada pelo europeu português, foi a forma de tentar homegeneizar as características diversas desses povos de forma violenta, mas houve resistência.
Fundiram-se, sim, mas a essência foi mantida. Povos indígenas ainda hoje mantém-se afastados dos centros, preservando rituais e linguagem próprios. Afrodescendentes fazem questão de seguir o culto aos orixás nas religiões de matriz africana. A resistência à dominação existe até hoje e ainda se manifesta contra o ódio ao diferente, que se apresenta em forma de preconceitos. Assim, vivemos numa cultura que é resultado de muita luta. E aqui chegamos com os variados racismos, hetero-machismos, capacitismos, facismos...Tantos ismos que nos perguntamos: como estas opressões se cruzam?
Carla Akotirene, intelectual soteropolitana, nos fala sobre a INTERSECCIONALIDADE, que é a necessidade de analisar como os marcadores sociais que são raça, gênero, classe, sexualidade e deficiência atravessam as pessoas tornando cada experiência singular.
Muitas vezes, pensar no diferente parece um desafio, pois exige movimento e mudança de olhar, por vezes, representando a necessidade de sair do lugar de conforto. Sair do lugar de conforto pode significar um esforço maior ou menor para as pessoas. O que é mais valoroso na dinâmica social: os valores? As tradições? O poder? As pessoas? Discussão complexa, rica e cheia de transversalidades.
Reconhecer a diversidade que existe no mundo e nas pessoas não é uma opção individual, é parte do entendimento acerca do mundo que nos rodeia e permite a ampliação da perspectiva sobre a vida. Reconhecer as pessoas em suas diversidades as faz sujeitos com identidade na sociedade e possibilita, portanto, o pensar e planejar a sociedade por meio da singularidade dos sujeitos, permitindo políticas públicas adequadas e inclusivas. O nome disso é equidade. Você considera que a organização da vida em sociedade precisa contemplar a todas as pessoas? Você considera importante, então, enxergar as pessoas em suas especificidades como sujeitos singulares?
A depender das suas respostas, aparece uma demanda por uma grande transformação. Considerando a hipótese de que grandes mudanças envolvem a todos, você também deve refletir sobre suas ações para transformar e, por isso, essa semana lançamos o desafio: quais atitudes você pode tomar quando identifica que existe um ato preconceituoso?
Daiana Nascimento, Maria Tereza de Castro e Carolina Barreto